"Qual, pois, destes três te parece
que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? Respondeu-lhe o intérprete
da Lei: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e
faze da mesma maneira."
(Lucas 10:36-37)
Entre a cultura grega e a judaica
existia uma diferença essencial. Enquanto que o grego buscava contemplar e
admirar a beleza de uma coisa (um discurso, uma pintura, uma música, etc), o
judeu buscava entender qual era o conteúdo presente nessa coisa, de forma a
poder aplicar o conteúdo em sua vida. O grego dava valor ao acúmulo de
conhecimento, o judeu às ações advindas do conhecimento obtido. Resumindo, a
cultura grega era dada à contemplação, a judaica às ações práticas.
E é exatamente com esse entendimento
judaico que precisamos ler as parábolas de Jesus, não para admirar e contemplar
a profundidade e riqueza de seus ensinamentos contidos nas parábolas, mas para
tomá-los para nós e termos nossas ações e pensamentos mudados por elas. A
pergunta que aquele homem fez a Jesus foi simples: "Quem é meu
próximo?" (v. 29b), mas Jesus faz muito mais do que ensinar qual era o
conceito de "próximo", ele fez aquele homem sentir quem era seu próximo, e assim, pudesse ter compaixão também
de samaritanos (visto que para judeus os samaritanos eram "mestiços",
"inferiores"). Ao contar aquela parábola, Jesus teve a intenção de
mudar a vida daqueles que estavam ouvindo-a. E mudar a vida, naquela situação,
era mais do que “saber quem é meu próximo”, era amar todo aquele que apresenta-se
necessitado ao meu redor. “Até mesmo” um samaritano.
Tenhamos, pois, uma natureza que vá
além da contemplação. Que ela alcance a prática!
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