sexta-feira, 29 de julho de 2016

A forma ou o conteúdo?

"Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? Respondeu-lhe o intérprete da Lei: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira."
(Lucas 10:36-37)

Entre a cultura grega e a judaica existia uma diferença essencial. Enquanto que o grego buscava contemplar e admirar a beleza de uma coisa (um discurso, uma pintura, uma música, etc), o judeu buscava entender qual era o conteúdo presente nessa coisa, de forma a poder aplicar o conteúdo em sua vida. O grego dava valor ao acúmulo de conhecimento, o judeu às ações advindas do conhecimento obtido. Resumindo, a cultura grega era dada à contemplação, a judaica às ações práticas.

E é exatamente com esse entendimento judaico que precisamos ler as parábolas de Jesus, não para admirar e contemplar a profundidade e riqueza de seus ensinamentos contidos nas parábolas, mas para tomá-los para nós e termos nossas ações e pensamentos mudados por elas. A pergunta que aquele homem fez a Jesus foi simples: "Quem é meu próximo?" (v. 29b), mas Jesus faz muito mais do que ensinar qual era o conceito de "próximo", ele fez aquele homem sentir quem era seu próximo, e assim, pudesse ter compaixão também de samaritanos (visto que para judeus os samaritanos eram "mestiços", "inferiores"). Ao contar aquela parábola, Jesus teve a intenção de mudar a vida daqueles que estavam ouvindo-a. E mudar a vida, naquela situação, era mais do que “saber quem é meu próximo”, era amar todo aquele que apresenta-se necessitado ao meu redor. “Até mesmo” um samaritano.


Tenhamos, pois, uma natureza que vá além da contemplação. Que ela alcance a prática!

sexta-feira, 18 de março de 2016

(Na cruz) Eu venci.




Alguém falou que eu era fraco
Que o mal é bem mais forte
E um leão vem me rondar
Que o mundo é tão escuro
E viver é bem mais triste
Que eu podia imaginar
E eu nem tentei lutar pra não sofrer
Não me arrisquei, pois temia perder

E eu cai
Eu me feri
Não tive forças
Não levantei
Eu desisti
Eu me rendi
Me entreguei
Nem mesmo tentei

E assim eu perdi

Alguém falou que eu era forte
Que o mal é bem mais fraco
Nada vai me dominar
Que o mundo é tão claro
E viver é bem mais fácil
Que eu podia imaginar
E eu tentei, lutei pra não sofrer
Eu me arrisquei, não temia perder

E eu me ergui
Não me feri
Fui bem mais forte
Me levantei
Não desisti
Não me rendi
Não me entreguei
Lutei pra vencer
De novo perdi

Foi quando Cristo achou-me ferido
E disse: "Meu filho, eu luto por ti!"

E Ele me ergueu
E se feriu
Levou minha culpa
Fez tudo por mim

Não desistiu
Não se rendeu
Não me entregou
Lutou pra vencer
Na cruz eu venci

Ainda que ande em vale escuro
Não terei nenhum temor, pois seu cajado me conduz


Aceitar a soberania absoluta de Deus não é fácil. Nós tememos e perdemos a cabeça com tudo aquilo que foge do nosso controle (nunca algo está em nosso controle, mas só em acharmos que estamos no controle já serve pra nós rs). Mas ao nos depararmos com o pecado, ao percebemos que ele não está somente nas ações, mas também nos pensamentos, nós vemos que não temos como vencer. Se a salvação dependesse de nós seria impossível ter certeza dela.

Nenhuma tentativa de vencer será bem sucedida se não for o próprio Cristo que vença. Ele é quem faz tudo. A Graça e a Fé, que são os "instrumentos" de salvação são totalmente dons de Deus, não tem nada a ver comigo.

E hoje, mais do que nunca, sei que se eu estiver lutando, irei perder. Se Jesus não quisesse lutar por mim, eu estaria perdido (e ele continuaria sendo totalmente bom e justo se assim fosse) .

Talvez eu nunca entenda porque Tu me escolheu. 
Obrigado, sou teu (inútil e indigno) servo.

quarta-feira, 9 de março de 2016

"Me dê os bens que de imediato eu possa abandonar"

Hoje eu fui lá na casa dela pra fazer uma cobrança. No fim do ano passado ela tinha comprado uma camisa, mas acabei esquecendo de falar com ela a respeito do pagamento. E assim que acabou o culto eu fui falar com ela. Mas aí ela falou primeiro: "Venha cá, menino! Preciso falar com você!". Já fiquei mais tranquilo, porque achei que ela tinha lembrado da camisa e ia falar comigo. Ela me chamou na cozinha, e falou: "Aqui óh... Uma vasilha de feijão, uma de arroz e uma com carne. Você sabe que aqui em casa tá uma confusão, ai não tive muito tempo pra fazer isso. Ai coloque essa comida em alguma panela sua lá e traga pra eu colocar mais. Não esqueça, viu?!"

Ai me desarmou.

Com que cara eu ia fazer uma cobrança depois disso? Não só depois disso, mas também ao lembrar o quanto de comida eu já recebi dela? Naquele momento me veio aquele sentimento bem conhecido: constrangimento. E voltando pra casa só me veio à mente as palavras de Paulo:

"...o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: 
que, se um morreu por todos, logo todos morreram.
E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, 
mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou."
(2 Co 5:14a,15)


Qual foi a última vez que eu me senti dessa forma ao orar pedindo algo? Quando foi que, na hora de pedir algo, eu me lembrei de tudo que me foi dado, sem merecimento? A começar da salvação, passando pelos livramentos em assaltos ou atravessando pistas, o tratamento do glaucoma, etc, etc, etc... Tem algo errado. Não dá pra dizer que conhece o amor de Deus sem se constranger, sem olhar para si e ver somente indignidade, falha, trapo de imundície.

Que eu peça menos. Que eu não peça nada. 

Que eu receba aquilo que preciso, e nem um pouco mais.
o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram.
E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.
2 Coríntios 5:14,15

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016