sexta-feira, 11 de maio de 2012

Balanças e morte

Não era uma simples questão de vaidade ou baixa auto-estima, ela só não estava vendo resultados com seus esforços e isso a deixava triste e desanimada. Os outros só apontavam para isso nela, eles nem tinham noção do quanto ela sofria para não se descontrolar. E o pior é que esse descontrole não era causado voluntariamente, era algo que tomava conta de sua mente, a deixava fora de si, irreconhecível.

Ela chorava por não conseguir se controlar, na frente dos outros fazia cara de "pois é, vei, tenho que dar um jeito nisso!"; mas como ela poderia dar um jeito? Era mais forte que ela, ela não queria aquilo, mas não adiantava o esforço, a derrota sempre a invadia.

Até que um dia alguém falou com ela, o pior é que este alguém não estava mal intencionado, ele apenas fez a brincadeira errada com a pessoa errada, foi a gota d'água. Ela, numa mistura de lágrimas e fúria, começou a gritar e bater nele, que confuso, não soube como reagir ou o que dizer.

Na volta para casa, ela tornou a chorar se lembrando do ocorrido, um choro discreto, estava chovendo bastante, mas ela não parecia ligar, nem sequer pegou seu guarda-chuva. Outras pessoas passavam por ela mas não percebiam seu choro, não tinham idéia da terrível condição em que ela se encontrava por dentro, completamente destruída, reduzida a cacos. Se não fôsse trágica, esta seria uma cena interessante, pois resumia toda a sua vida, ela seguindo seu caminho e sempre sofrendo, enquanto que os outros não notavam seu sofrer.

Ela chegou no ponto de ônibus, já tinha parado de chorar. Ficou lá durante algum tempo, então ela avistou o ônibus que segundos depois estaria a levando para o seu lar, aquele no qual serviria de refúgio, onde ela poderia brincar de ser feliz, esquecer que tinha uma vida.

O ônibus estava se aproximando, ela abriu a mochila e pegou um brigadeiro que estava lá. Ela olhou para ele, e voltando a chorar, disse:

- Eu só queria ser mais forte que você... - colocou o brigadeiro na boca, e se jogou na frente do ônibus.





Um comentário:

Lara Ann disse...

LINDO e Trágico!!! Amei! SIMPLESMENTE