- Ei, você está bem? Olá? Você ai, com o carro roubado! - falei num tom humorado, mas ainda assim transparecendo insegurança.
Ele demorou uns dois segundos para entender que alguém estava falando com ele, e mais dois parar se virar na minha direção. Ele parecia mais angustiado que antes. Ao perceber que ele não ia falar nada, tentei novamente
- Se está sentindo tanto remorso por ter roubado o carro, saiba que é sempre possível se entregar!
- É emprestado, não roubado - ele respondeu, sem expressão nenhuma no rosto e na voz.
- Claro, isso vai colar no tribunal. - ele me olhou impaciente, me perguntei se ele estava já estava farto dessa "conversa".
- Precisa de alguma coisa? - ele perguntou, e senti que ele foi duro, e respondi meio sem jeito
- Na verdade, não. Estava brincando sobre o carro. É só que... você parece muito aborrecido com alguma coisa. Ah, ei, meu nome é Lizzie, mas pode me chamar de Li! - estendi a mão, mas depois de um segundo, percebendo que ele não iria pegá-la, abaixei - Seja como for, eu só estava me perguntando se poderia ajudar. Parecia que você estava procurando alguém..
- É - novamente, nenhuma expressão
Fiquei esperando ele falar dessa vez.
- Não preciso de ajuda. Ela não está aqui.
- Ah. Sinto muito.
- Eu também - ele ficou me olhando durante algum tempo, parecia me admirar.
- É um carro bonito! - insisti - É uma pena que tenham parado de fabricar. A modelagem e estrutura do Vantage é linda também, mas tem algo do Vanquish..
Já como eu esperava, ele me olhou assustado, "Uma garota que entende de carros?", deve ser o que ele estava pensando naquele momento.
- Como é dirigi-lo?
- Você nem imagina - ele disse, tentando ser gentil. Reconheci seu esforço e sorri, e ele tentou, sem muito sucesso, retribuir. Esperei ele falar algo. Mas ele continuava confuso, angustiado, mesmo não demonstrado nenhuma emoção em seu rosto.
- Acho melhor devolver esse carro que peguei emprestado - ele disse baixo.
- É bom saber que você esta fazendo a coisa certa!
- Sim, você me convenceu!
Ele entrou no carro, e saiu do estacionamento, me olhou mais uma vez, antes de entrar na estrada e desaparecer de vista. Fiquei surpresa e confusa, surpresa porque nunca pensei que iria tomar a iniciativa de conversar tão "abertamente" com um estranho, confusa porque não consegui entender o que se passava com ele, tão jovem e bonito, parecia passar por um momento difícil. Daquele dia em diante criei um receio de ficar sem jeito ou envergonhada ao falar com um menino e tomei uma decisão, nunca mais iria tomar iniciativa para falar com meninos, e também meu pai deveria estar certo, aquele garoto só deveria estar querendo alguma menina para se divertir mesmo, assim como todo garoto comum..
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