(É com um "conto tenso" que eu inventei que inauguro meu novo marcador, intitulado "Retratos"! *-*)
- Eu não estou magra! Não adianta você dizer, olha só pra minha barriga! - Júlia gritava com seu marido, Alberto.
Não tinha santo que a convencesse que ela estava muito abaixo do seu peso ideal. Tudo começou quando ela conseguiu se tornar modelo de uma agência famosa. Começou a ganhar muito dinheiro, ganhava por sessão de fotos. Só que ao decorrer do tempo, o diretor da agência começou a dizer que ela deveria prestar mais atenção em seu peso, que ela estava quase fora dos padrões, e que ele não teria outra alternativa a não ser despedi-la.
Ela ficou sem chão, não podia perder esse emprego, era o que ela amava, era o que a deixava orgulhosa, estar estampada nas revistas espalhadas pelo país. Não, ela não iria perder esse salário tão alto, salário este que, junto com sua fama, massageava seu ego, fazendo-a não medir quantias para satisfazê-lo. Ela iria emagrecer a qualquer custo.
Seu marido começou a notar um comportamento estranho semanas antes. Quando em dois dias consecutivos ela se alimentou somente três vezes.
- Querida, o que está acontecendo? Você tem se alimentado muito pouco ultimamente.
- Olha amor, desculpa eu não ter dito antes, mas é que o diretor da agência disse que eu precisava emagrecer, pois estou já alcançando o limite de peso, estou correndo o risco de perder o emprego!
- Você já procurou um nutricionista, pra saber se você está ou não em seu peso ideal? É perigoso começar tão bruscamente a comer tão pouco! - Alberto falou, preocupado.
- Eu sei o que estou fazendo, e você deveria me apoiar! É do meu emprego que estamos falando aqui! - ela levantou a voz.
- Não é do seu emprego que estou falando, estou falando de sua saúde, que é mais importante do que esse seu emprego!
E assim começou a primeira de muitas discussões. Alberto sempre pedindo que ela procurasse um especialista, pois ela estava emagrecendo cada dia mais. Alguns dias Júlia chegou a passar mal, indo ao hospital, e descobrindo que sua pressão arterial estava baixíssima.
- Olha pra você! Olha o que você esta fazendo consigo! Eu não posso mais te ver assim sem fazer nada. vou te levar num psicólogo, você querendo ou não! - Alberto falou, decidido.
Ele a colocou no ombro e levou para a garagem, colocou no banco do carro, as tentativas dela de se desvencilhar eram completamente inúteis.
Durante o trajeto para a clínica, Júlia encontrou um canivete no bolso do banco traseiro, sem titubear, ela o pegou, encostou a lâmina em seu próprio pescoço e disse:
- Você pára o carro, ou eu me mato agora!
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